Voava até ao seu lamaçal, só para o ver, mas logo, umas mãos me pegavam e levavam embora. Deixava sempre um pedacinho de mim, e pensava, constantemente, sem a suspensão de um dia sequer:
-Tomara que enxergasse.
Sorria por ele, um sorriso pequenino, invisível, mas sincero.
De aparência pesada, sem maneiras, parecia-me tão insensível, talvez pelo dom que tinha em destruir as coisas que sempre me fizeram bem.
Inócua, como sempre fora, dei-lhe todo o meu carinho, algo que me recusava freneticamente. Mirava-o de longe, para não se dar conta, para não ter de o ouvir retorquir, encantava-me com aqueles traços fortes que queria fazer transparecer, que só lhe ocultavam o belo que era, e o quanto pura era a sua pele, e os lábios, aqueles lábios que todo esse tempo desejei atingir, só de os lembrar, o meu frágil corpo, tombava. E ainda o faz.
Na última noite de angústia eu disse-lhe:
-Tive medo dos teus lábios (…)
(E dissemos adeus, um ao outro, de maneiras diferentes, a melhor que cada um sabia.)
Queria tanto ver-te, ogre.
2 comentários:
Lembrei-me de uma frase que diz "Sempre estamos a beira do pricipicio, querendo cair, e temendo pular." Gostei da tua história.
Abraço,
R.Vinicius
gosto da maneira como escreves...
=D
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